terça-feira, 10 de abril de 2007

Discorrendo sobre Paul Murry!

Para a imensa maioria dos leitores de HQs, falar em quadrinhos Disney é falar em Carl Barks. E não é à toa, pois Barks é um dos maiores quadrinhistas de todos os tempos, merecendo estar na galeria dos imortais, ao lado de Will Eisner, Alex Raymond, Hal Foster, Jack Kirby, Hergé e outros poucos ícones da chamada Nona Arte. Afinal, Barks roteirizou e desenhou uma infinidade de histórias com os personagens de Patópolis, criando, além da própria cidade, personagens marcantes como o Tio Patinhas, o Prof. Pardal e o Lampadinha, a Maga Patalójika, os Irmãos Metralha, o Gastão, o Patacôncio, os Escoteiros Mirins e outros tantos.

Enfim ... Barks é indiscutível. Mas o que muita gente não sabe é que nem só de Barks vivia a Disney, nos áureos tempos. Entre tantos outros expoentes daquela editora, como Floyd Gottfredson, Tony Strobl, Al Taliaferro, Jack Bradbury, Al Hubbard e outros menos votados, há um desenhista que é conhecido apenas pelos aficcionados, mas que teve uma importância enorme para os quadrinhos Disney, especialmente para o Mickey: Paul Murry.

Muitos leitores, quando lembram do Mickey clássico, pensam logo no velho Mickey de calção vermelho, com dois botões amarelos, idealizado por Walt Disney e Ub Iwerks, mas imortalizado por Floyd Gottfredson, o Mickey das tiras de jornal e dos primeiros desenhos animados. Um breve parêntese: para a infelicidade dos fãs mais antigos, já há algum tempo os desenhistas resolveram recuperar a imagem do Mickey de calção, porém com roteiros muito fracos, transformando-o de um personagem inteligente, esperto, perspicaz e seguro de si em um bobalhão infantilóide, que consegue desagradar a todos, desde as crianças e leitores mais novos até os fãs mais antigos e exigentes. Fecha parêntese.

Mas como o assunto aqui é Paul Murry, voltemos a ele. Para inúmeros fãs da Disney em geral e do Mickey em particular, se Gottfredson deu vida e personalidade ao rato, em histórias memoráveis, como “O Vale da Morte” e “Mickey Contra o Mancha Negra” (republicadas pela Editora Abril, em Mestres Disney # 3), foi Murry quem, ao lado do veterano roteirista Carl Fallberg, melhor explorou o lado detetive do camundongo, fixando a imagem do Mickey de chapéu, terno e gravata ou, muitas vezes, de capote, ao melhor estilo 007. Ao lado de seu eterno e fiel amigo Pateta, e, por vezes, junto do Pluto, da Minnie ou dos sobrinhos Chiquinho e Francisquinho, Mickey viveu muitas aventuras ao redor do mundo, e até em outras épocas, sob a competente batuta de Fallberg e o lápis mágico de Murry.

Em toda a sua carreira, Paul Murry nunca roteirizou uma história sequer, mas seu traço é inconfundível. Para quem não conhece o estilo de Murry, uma imagem deve ter ficado gravada na mente de todos quantos leram aquelas aventuras: o Pateta com a mão à frente da boca, em uma expressão abobalhada. Aquele era o traço de Murry.